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terça-feira, 23 de abril de 2013

Do trauma à euforia: Bayern joga para superar 'pesadelo de Munique'

Das lágrimas de Schweinsteiger no gramado da Allianz Arena até o jogo de hoje contra o Barcelona no mesmo estádio, a partir de 15h45m (de Brasília), passaram 11 meses. A ferida da derrota em casa do Bayern de Munique na final da Liga dos Campeões do ano passado diante do Chelsea é muito recente, mas parece já estar cicatrizando e se transformando em euforia, tal a empolgação dos alemães pela campanha na atual edição do torneio.
A equipe não só soube dar a volta por cima, como se mostrou ainda mais forte este ano. Garantiu o título nacional e voltou a figurar entre as quatro melhores equipes do continente em apenas uma semana. Em um mês, pode conquistar mais dois títulos: a Champions e a Copa da Alemanha.
- Estamos vivendo um momento muito bom, o clima está gostoso. É um clima de confiança e estamos muito tranquilos - revelou o volante brasileiro Luiz Gustavo, do Bayern de Munique, em entrevista por telefone.
Schweinsteiger Bayern de Munique (Foto: Getty Images)
 
Schweinsteiger abaixa a cabeça e chora após a derrota do Bayern contra o Chelsea (Foto: Getty Images)
Se ajuda a superar o trauma, o clima de euforia que se vive em Munique pode ser prejudicial também, como lembrou na segunda-feira o ex-goleiro Kahn, ídolo do clube, no seu blog. Para o ex-goleiro, os times espanhóis são favoritos porque jogam a decisão da eliminatória em casa. Ele lembrou ainda a final perdida pelo Bayern em 2010 (para o Internazionale, por 2 a 0, em Madri) e alertou para a importância do duelo contra o Barcelona, por que vai finalmente distinguir se a equipe germânica é mesmo tão forte ou se é a Bundesliga é que está perdendo qualidade.
- A euforia voltou a reinar neste país. Atribuir o favoritismo ao Bayern me parece excessivo - escreveu Kahn no seu artigo intitulado: "Agora é que é o momento da verdade".
A excitação depois do trauma da final de Munique não surpreende quem conhece a história do Bayern de perto. Repórter esportivo do jornal alemão “Bild”, Mário Volpe lembra que a "montanha russa de emoções" é um comportamento habitual no clube.
- É típico do Bayern de Munique voltar mais forte do que nunca e dar uma queda ainda maior.
Dedo do técnico
A recuperação psicológica do Bayern de Munique nos últimos 11 meses é tão espantosa que os adversários temem a máquina bávara ainda mais do que no passado. Prova disso foram os jogos diante do Juventus, líder absoluto na Itália rumo ao bi, que não criou perigo nos confrontos pelas quartas. Mas, afinal, quem é o grande responsável pela revitalização do time?
- O treinador passou confiança e nos fez acreditar que era possível, que o nosso time tinha qualidade para chegar novamente numa final. As palavras de Heynckes foram sempre muito positivas e nós acreditamos ainda mais no nosso valor - disse Luiz Gustavo.
Alcançar a terceira final em quatro temporadas seria a receita ideal para jogadores, torcedores e moradores de Munique ultrapassarem definitivamente o trauma do dia 19 de Maio de 2012. Os rostos de Robben e Swcheisteiger, os dois que erraram os pênaltis na disputa decisiva contra o Chelsea, marcaram uma geração em Munique, espelhando o desespero diante de milhares de torcedores que viviam um déjà-vu da final de Madri, dois anos antes, na derrota por 2 a 0 para o Internazionale.
Acho que cada um refletiu para si mesmo e estamos ainda mais motivados, porque o time é muito forte"
Luiz Gustavo, volante do Bayern
A mesma geração também já sofreu contra o Barcelona, nas quartas de 2009 da Champions, quando Messi & Cia. aplicaram um 4 a 0 nos bávaros, no Camp Nou. Lahm, Schweinsteiger, Muller e Ribery estiveram em todos esses desastres. Robben chegou ao time em 2009 e fez parte do elenco que perdeu as duas finais. Hoje, na Allianz Arena, os cinco têm uma nova chance para mudar o rumo dessa geração.
- Primeiramente, nem conversamos muito sobre essa derrota do ano passado. Foi muito triste o que aconteceu no ano passado, mas pouco depois fomos todos de férias e só voltamos a nos encontrar para a pré-temporada. Acho que cada um refletiu para si mesmo e estamos ainda mais motivados, porque o time é muito forte - revelou Luiz Gustavo.
Acerto no mercado
Evitar falar e pensar nos momentos negativos foi meio passo, mas os milhões bem investidos pelo clube no mercado de transferências do verão passado deram o retoque que faltava para o time brilhar.
- Cada jogador que eles compraram se encaixou de modo perfeito, especialmente o Dante e o Mandzukic, que estão jogando muito bem. O outro grande motivo da reviravolta é a fome de títulos. Há dois anos que o time não vencia nada. Um fator extra de motivação é a saída do Heynckes. O grupo quer lhe oferecer um belo presente de despedida - explicou Mário Volpe, jornalista do “Bild”.
A compra do zagueiro Dante, eleito o melhor da temporada 2011/2012 da Bundesliga ao serviço do Borussia Monchengladbach, revelou-se adequada para o eixo da defesa. A dupla anterior de titulares formada por Babstuber e Boateng, ambos com 24 anos, não dava ao time a confiança necessária na defesa. Com 29 anos, o baiano trouxe a maturidade e experiência que faltavam.   
Dante rouba a bola de Quaglierella: baiano dá mais consistência à zaga do Bayern (Foto: AFP)
Robben, conhecido pelo seu egoísmo em campo, também levou uma lição. Foi relegado para o banco de reservas no início da temporada. Heynckes apostou no jovem Toni Kross em detrimento do astro holandês. O craque assimilou o recado, renasceu para uma reta final de época espantosa e recuperou a titularidade.
Na frente do ataque, os bávaros apostaram no croata Mandzukic (15 gols na temporada). O reforço ajudou o time com o seu instinto guerreiro no ataque, o que por vezes faltava a Mário Gomez. Mas a contratação não abalou o alemão, que também ressurgiu na reta final da temporada, fazendo seis gols nos últimos seis jogos. Com o companheiro de posição suspenso, ganhou a vaga de titular contra o Barcelona.
A contratação de mais peso da temporada, o espanhol Javi Martinez, por 40 milhões de euros (cerca de R$ 104 milhões), aos poucos também tem se revelado uma boa companhia para Schwinsteiger no meio campo bávaro.
Globo Esporte

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